Análise Geopolítica: O Declínio do Petróleo em Angola e o Crescimento do Gás em Moçambique
A Mudança de Centro de Gravidade na África Austral
Durante décadas, Angola foi o indiscutível gigante dos hidrocarbonetos na África Austral, sustentando a sua economia na vasta produção de petróleo. Contudo, o declínio natural dos campos, a falta de novos grandes investimentos exploratórios e os desafios operacionais têm levado a uma queda constante na produção.
Em contraste, Moçambique está a emergir como a próxima potência energética regional, com o foco a mudar do petróleo (que Moçambique tem em quantidades limitadas) para o **Gás Natural Liquefeito (GNL)**.
Diferentes Modelos, Diferentes Desafios
A diferença nas matérias-primas cria desafios distintos:
- **Angola (Petróleo):** Modelo estabelecido, mas com necessidade de grandes investimentos em águas ultraprofundas e risco de volatilidade de preço.
- **Moçambique (GNL):** Modelo em ascensão, focado em reservas gigantescas de gás que exigem capital inicial massivo, mas que prometem contratos de fornecimento de longuíssimo prazo.
"Os bancos de desenvolvimento e os investidores estão a reorientar a sua exposição de risco. O GNL de Moçambique oferece uma segurança de procura de longo prazo que o petróleo angolano, sujeito às flutuações diárias do mercado spot, já não consegue garantir na mesma escala." - Samuel Dambuza.
Esta mudança geopolítica não significa competição, mas sim uma oportunidade para a **cooperação energética** na SADC. O gás moçambicano pode, por exemplo, complementar as necessidades energéticas da região, enquanto Angola continua a focar-se na otimização dos seus ativos de petróleo restantes e na incipiente indústria de GNL.
O sucesso de Moçambique na fase de produção de GNL é vital para a reputação da África Austral como um *player* energético global fiável.